Consumo ansioso de conteúdo online pode ser um ciclo prejudicial à saúde mental
Autora: Luanda Rosa Queiroz- Psicóloga
O Brasil se destaca como o país com a maior população ansiosa do mundo, segundo uma pesquisa da OPAS (Organização Pan-Americana de Saúde). Estima-se que cerca de 18,6 milhões de brasileiros apresentem essa condição, que agora recebe uma nova camada: a ansiedade digital.
Embora ainda não possamos caracterizar a ansiedade digital como um transtorno distinto dos outros já conhecidos, é possível identificar características típicas desse tipo de ansiedade”, explica Guilherme Spadini, médico psiquiatra, Mestre em Ciências pela Universidade de São Paulo (USP), psicoterapeuta de adultos e adolescentes e professor da The School of Life, em São Paulo.
Para compreender melhor como a digitalização do cotidiano – presente em tarefas diárias e até em momentos de lazer – impacta a saúde mental, gerando um novo tipo de transtorno, a National Geographic conversou com o especialista e destacou três pontos essenciais sobre a ansiedade digital.
“O imediatismo e a constante disponibilidade das formas de comunicação geram muita ansiedade, além de frustrações decorrentes de expectativas irreais e comparações incessantes. Há evidências de que o uso frequente das redes sociais está diretamente ligado ao aumento da ansiedade”, esclarece Spadini. No entanto, ele ressalta que as redes sociais são apenas um dos fatores que podem desencadear a ansiedade: “Essa correlação é multifatorial, e a variabilidade individual é enorme”, afirma.
Detox das redes sociais: pode ajudar?
Embora o uso das redes sociais não seja “necessariamente nocivo”, Spadini alerta que o consumo excessivo de conteúdo digital tem grande potencial de causar danos ao bem- estar individual. “Quem percebe que está exagerando e começa a sentir efeitos de estresse e ansiedade precisa, sem dúvida, pensar em estratégias para restabelecer um equilíbrio e cultivar uma relação mais saudável com o mundo digital”, orienta o médico.
Entre as dicas mais práticas citadas por ele, estão: estabelecer horários específicos para atividades como responder mensagens ou e-mails; desativar notificações padrão; programar pausas durante o trabalho; e manter uma rotina saudável, que inclua exercícios físicos, meditação e momentos ao ar livre. Spadini também enfatiza a importância de uma boa higiene do sono, recomendando evitar o uso do celular antes de dormir.
Ao seguir essas orientações, é possível reduzir os impactos da ansiedade digital e cultivar uma vida mais equilibrada e saudável.