Burnout no Autismo: Como Se Manifesta e Como Identificar

Autora: Luanda Rosa Queiroz - Psicóloga

A Síndrome de Burnout é um estado de exaustão física, emocional e mental que resulta do aumento do estresse e da sobrecarga. No contexto do autismo, essa condição afeta pessoas autistas, levando-as à exaustão devido ao estresse e às demandas do ambiente social. Isso ocorre em decorrência da constante tentativa de adaptação a um mundo neurotípico (pessoas que não têm transtornos do neurodesenvolvimento, como o autismo).


Os sintomas de burnout em pessoas autistas incluem:
- O esgotamento físico e mental pode causar cansaço excessivo. É importante verificar se esses sintomas não são decorrentes de alguma doença orgânica ou adquirida. Recomenda-se consultar um clínico geral ao percebe-los rapidamente;
- Irritabilidade intensa;
- Crises de humor;
- Dificuldade de concentração e problemas de memória a curto prazo;
- Estados dissociativos;
- Perda de interesse em atividades, inclusive em hobbies que costumavam ser especiais;
- Sentimentos de desesperança e desamparo;
- Aumento de comportamentos repetitivos (estereotipias e escoriações na pele e couro cabeludo);
- Dificuldade para concluir tarefas e insegurança para tomar decisões, mesmo as mais simples;
- Intensificação do isolamento, até mesmo ao sair sozinho;
- Aumento da hipersensibilidade sensorial (a sons, estímulos táteis, olfativos, entre outros).

É importante ressaltar que esses sintomas podem durar seis meses ou mais, e muitos autistas tentam camuflar a situação por meio de medicações ou substâncias ilícitas, embora isso seja raro.

O burnout em pessoas autistas é uma condição séria que pode impactar profundamente a qualidade de vida. Muitas vezes, a própria pessoa dentro do espectro autista nem percebe que está sofrendo e pode acabar desenvolvendo sintomas depressivos ou ideação suicida. 

O psicoterapeuta deve fornecer apoio adequado e ensinar estratégias de autogerenciamento para os pacientes autistas, além de orientá-los sobre como prevenir comportamentos que possam levar ao burnout. Vale lembrar que pessoas que não têm autismo também podem sofrer de síndrome de burnout, embora os quadros emocionais e físicos possam se manifestar de maneira diferente, e a autoidentificação pode ocorrer de forma mais rápida nesse grupo. É fundamental buscar a ajuda de profissionais da saúde mental, como psiquiatras e psicólogos especializados ou com conhecimento neste transtorno, que podem identificar o que está acontecendo e encaminhar para o tratamento adequado. A avaliação psicológica pode ser um caminho, rápido para identificar se a pessoa que está sofrendo com burnout está dentro do espectro ou não, já que o reconhecimento dos sintomas foi tardio e se repetiu em outros momentos.