Desvendando o Paradoxo: Por Que Pessoas com Altas Habilidades e Superdotação podem ter Dificuldades na Interação Social?

Autora: Luanda R. Queiroz – Psicóloga

A condição de altas habilidades e superdotação é frequentemente associada a características excepcionais em áreas como raciocínio lógico, criatividade, resolução de problemas e habilidades linguísticas. No entanto, esses indivíduos também enfrentam desafios significativos, especialmente no que diz respeito à interação social, particularmente durante a adolescência e a fase adulta.

Uma das razões pelas quais pessoas superdotadas podem ter dificuldades nas interações sociais é a diferença nos interesses e nas formas de compreender o mundo. Essas pessoas tendem a ter paixões profundas e especializadas, que podem não ser compartilhadas por seus pares. Essa discrepância pode gerar um sentimento de isolamento, pois as conversas e as socializações muitas vezes giram em torno de temas que não interessam aos seus colegas, levando a frustrações para ambos os lados.

Além disso, a superdotação pode estar acompanhada de traços de personalidade como introspecção e sensibilidade elevada, características que, em alguns casos, podem resultar em dificuldades para formar e manter relacionamentos sociais. A percepção aguçada das dinâmicas interpessoais e a capacidade crítica elevada podem fazer com que essas pessoas sintam-se desconfortáveis ou até mesmo incompreendidas em ambientes sociais. Isso torna a interação com os outros mais desafiadora, já que podem perceber nuances e contextos que outras pessoas não notam, levando a um possível isolamento ou a um afastamento social deliberado.

Outro fator que merece destaque é a pressão social. Durante a adolescência, o desejo de pertencimento é intenso, mas a condição de superdotação pode gerar expectativas pouco realistas, tanto para si mesmo quanto para os outros. A necessidade de se conformar a normas que não fazem sentido para eles pode ser estressante, resultando em ansiedade social e, em alguns casos, em comportamentos de evitação.

Ademais, certas condições que podem coexistir com a superdotação, como o Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) ou o Transtorno do Espectro Autista (TEA), podem afetar ainda mais a interação social. Esses transtornos podem trazer dificuldades adicionais, como problemas com a comunicação não verbal, interpretação de sinais sociais e regulação emocional, que tornam os relacionamentos interpessoais ainda mais complicados.

Por fim, é importante ressaltar que as dificuldades sociais não definem a totalidade da experiência de uma pessoa superdotada. Muitas pessoas com altas habilidades se destacam e prosperam em socializar com outros que compartilham de interesses semelhantes ou em ambientes que reconhecem e valorizam suas capacidades. O suporte social, educacional e emocional pode fazer uma grande diferença na maneira como essas interações se desenvolvem, promovendo um ambiente mais inclusivo e compreensivo, que valorize a singularidade de cada indivíduo.