Por que a maioria dos Autistas adoram Animes Japoneses?

Autora: Luanda R. Queiroz – Psicóloga

Anime é o nome que se dá às animações japonesas, geralmente desenhadas à mão e produzidas como séries. A maioria dos animes conta com um número extenso de episódios, mas sua duração é bem mais curta. As animações japonesas são famosas no mundo inteiro, inclusive aqui no Brasil. Animes como Dragon Ball Z, Cavaleiros do Zodíaco, Naruto, entre outros, marcaram a infância de milhões de brasileiros ao serem exibidos na televisão aberta.

Existe, inclusive, um nome para descrever os fãs da cultura japonesa: os otakus. Os animes japoneses são classificados por gênero e público-alvo. Alguns dos principais gêneros de animes são:

  • Shonen: Animes para meninos até a adolescência, com lutas e um protagonista masculino que cresce e se torna mais sábio.
  • Shoujo: Animes para meninas até a adolescência, com temas como romance, magia e vida escolar.
  • Seinen: Animes para homens maiores de idade, com temas mais adultos, como lutas sangrentas, guerras, política, drogas e sexo.
  • Josei: Animes para mulheres maiores de idade, com uma protagonista feminina que vivencia dilemas mais adultos.
  • Kodomomuke: Animes para crianças, com um estilo mais "fofo", personagens como animais falantes e um mundo mais lúdico.
  • Ecchi: Animes que apresentam a sensualidade como principal tema.
  • Hentai: Animes que apresentam sexo explícito ou censurado.

Além desses gêneros, os animes podem ser classificados por temática, como aventura, comédia, drama, mistério, romance, terror, sci-fi, lutas, entre outros.

O consumo de animes por pessoas autistas pode estar ligado a uma série de fatores que vão além do simples entretenimento. Aqui estão alguns dos principais motivos que podem explicar essa preferência:

Narrativas Ricas e Complexas

Muitas séries de anime apresentam enredos intrincados e profundas narrativas que estimulam a imaginação. Os autistas, que frequentemente possuem um forte interesse por histórias e mundos fictícios, podem encontrar nesses enredos um escape e uma forma de explorar diferentes realidades.

Estética Visual

O anime é conhecido por sua estética visual única e atrativa. A variedade de estilos e cores, além da expressividade dos personagens, pode capturar a atenção de quem tem autismo. Essa estética pode ser particularmente envolvente, oferecendo um prazer visual que é difícil de encontrar em outros formatos de animação.

Identificação com Personagens

Muitos personagens de anime possuem características que podem ressoar com as vivências de pessoas autistas. Alguns deles são retratados como socialmente diferentes ou até mesmo como indivíduos que enfrentam desafios emocionais e sociais. Essa identificação pode proporcionar um sentimento de pertencimento e compreensão, mostrando que não estão sozinhos em suas experiências.

Interesses Específicos ou Hiperfoco

O autismo é frequentemente associado a interesses ou paixões intensas. O universo do anime é vasto e diversificado, oferecendo uma gama de temas que podem atrair esses interesses específicos, seja em relação a gêneros, estilos de arte ou tópicos. Esses interesses podem se aprofundar em discussões e pesquisas sobre o tema, criando um espaço para a expressão e o aprendizado.

Comunidade e Conexões Sociais

O fandom de anime é global e inclusivo, permitindo que pessoas autistas encontrem comunidades online ou participem de eventos, como convenções. Isso pode proporcionar uma sensação de pertencimento e oportunidades de socialização em um ambiente onde se sentem mais confortáveis.

Tempo e Espaço para Processar Emocionalmente

O formato do anime, que muitas vezes envolve episódios curtos e histórias contínuas, permite que os espectadores processem as emoções de maneira gradual. Para algumas pessoas autistas, isso pode ser uma maneira eficaz de lidar com situações emocionais complexas, pois podem rever e refletir sobre os temas tratados.

Esses fatores juntos ajudam a criar um ambiente no qual muitos autistas se sentem entendidos, acolhidos e inspirados. O anime não é apenas uma forma de entretenimento, mas uma rica fonte de conexão emocional, social e intelectual que ajuda a explicar e interpretar situações da vida cotidiana de maneira objetiva e visual para muitas pessoas dentro do espectro autista.